quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

ENTREVISTA COM ROBERTO FREJAT, VOCALISTA DO BARÃO VERMELHO

28 de abril de 2006. O Barão Vermelho faria – como de fato fez – um show em Marília como evento de boas-vindas aos calouros da Universidade de Marília dadas pelo DCE (Diretório Central de Estudantes-Unimar), em seu projeto intitulado Baile do Bixo. E o que eu tenho a ver com isso? O Diretório possuía um veículo de comunicação mensal, intitulado Gregos & Troianos (G&T), e eu, além de outros estudantes de Jornalismo, estagiava nesse informativo.

Na tarde daquela sexta-feira, horas antes do show, a banda havia acabado de chegar à cidade, hospedando-se no Max Plaza Hotel, na Rua Maranhão, próximo à Galeria Atenas (perdoe-me pelos merchans). Meu chefe, Luccas (não digitei errado, é com dois “C’s”), intimou Vicão e eu a irmos até lá, em busca de uma entrevista e fotos. Detalhe: Luccas, presidente do DCE, disse: “está tudo combinado com a banda, os integrantes vão receber vocês para uma conversa”. É óbvio que era mentira.

O fato é que fomos, e uma curta entrevista com Frejat foi possível. As cinco perguntas que eu havia feito às pressas colheram respostas gravadas num celular LG (outro merchan), do próprio Vico (Vico ou Vicão é o Vinícius, camarada de estágio e amigo da faculdade). A única foto registrada foi perdida. Dani, companheira nossa de DCE, apagou a imagem, muito provavelmente por ter ficado puta, pois queria ela ter estado lá (brincadeirinha, Dani).

Abaixo, um pedaço bem pequeno de um dia marcante.


Em meio à possibilidade de não realizar esta entrevista no camarim momentos antes do show, saímos (Vinícius e eu) às ruas da cidade ansiosos e apreensivos. Ansiosos porque entrevistaríamos um dos grandes ícones do rock nacional. Apreensivos, vendo que havia uma chance de não conseguirmos um depoimento sequer.

Roberto Frejat concedia entrevista coletiva, naquele instante, no hotel em que estava hospedado. Quando chegamos, não havia mais nada. Mas havia alguém: um dos seguranças da banda.

Simpático e prestativo, ouviu-nos com atenção e entendeu a nossa necessidade de disponibilizar no informativo da entidade um depoimento da banda por meio do seu vocalista, que tocaria mais tarde em Marília. Dez minutos depois, Frejat chegou ao saguão do hotel, onde o segurança passou a ele a nossa intenção. O “Rei dos Blues” nos recebeu na hora e falou, com exclusividade, ao G&T.

O início, passagens da história, Cazuza e o novo trabalho foram assuntos que Frejat se prontificou a responder.

Com a palavra, para você, leitor do informativo, Roberto Frejat, vocalista do Barão Vermelho.

[G&T] Toda banda, ao se formar, decide se reunir com algum intuito, seja ele financeiro ou ideológico. No caso de vocês, com qual propósito o grupo Barão Vermelho se juntou?
[FREJAT] Na verdade, o grupo começou com o Guto e o Maurício. Eles já estavam querendo fazer uma banda de rock. Isso na época que a gente começou, em 1981, não tinha o menor potencial comercial. A ideia era fazer uma coisa que a gente gostasse, e eles conseguiram uma data para fazer um show de uma banda, e essa data foi o primeiro objetivo para a banda ser formada.

[G&T] Quando participaram do Rock in Rio 85, vocês gravaram o primeiro disco ao vivo da banda. Por esse grandioso evento ter acontecido apenas três vezes, você acha que o festival não engrenou?
[FREJAT] Não. Na verdade, eu acho o Rock in Rio um grande sucesso como marca, é o festival conhecido no mundo inteiro, que é difícil de acontecer quando um evento desse tem destaque no Brasil. Um evento desse tamanho dificilmente é comportado anualmente: primeiro pela quantidade de artistas que é preciso colocar; depois, se ficar anual, acaba exigindo uma certa rotatividade de artistas, e nem todos têm disponibilidade para vir ao Brasil. O Rock in Rio abriu a porta para os artistas internacionais virem ao país. A partir do festival, o Brasil ficou confiável para se fazerem shows.


[G&T] Neste novo trabalho, o Ao Vivo MTV, vocês inseriram o Cazuza em uma das músicas [Codinome Beija-Flor]. De quem foi a ideia? Por quê?
[FREJAT] A ideia veio do Guto e do Maurício, porque todos esses shows ao vivo da MTV têm convidados. Nenhuma pessoa como convidada especial seria mais coerente com o trabalho do que o Cazuza. Fazer com que ele estivesse ali com a gente seria sensacional. O Guto sugeriu Codinome Beija-Flor, que é uma música belíssima. A partir disso, só faltou resolver os problemas técnicos para que acontecesse. É difícil fazer esse “encontro”, mas a gente tem feito e fica um momento muito emocionante do espetáculo.

[G&T] Por que a música O tempo não para foi escolhida para o repertório do CD e DVD, já que é de autoria do Cazuza e do Arnaldo Brandão, e Ideologia, música da parceria Frejat/Cazuza, não foi gravada?
[FREJAT] A gente achou que O tempo não para era uma letra muito atual, uma música que cabia uma interpretação do Barão. Talvez um discurso muito pessoal do Cazuza não funcionasse. E eu tinha em mente que Ideologia, mesmo sendo escrita por mim também, possuía esse discurso próprio do Cazuza.

[G&T] Como vem sendo a receptividade do público com relação a este novo trabalho de vocês, com o CD duplo e o primeiro DVD?

[FREJAT] Tudo está correndo da melhor maneira possível, acima daquilo que esperávamos. E o melhor de tudo isso é que a gente percebe que todas as faixas etárias acompanham o nosso trabalho. Ainda hoje nós vemos, em todos os lugares em que fazemos shows, pessoas mais novas do que a gente, da nossa idade e até mais velhas assistindo e cantando as nossas músicas. Por causa disso, este trabalho atual está sendo maravilhoso.

domingo, 15 de dezembro de 2013

SE LEI E JUSTIÇA ESTÃO EM LADOS OPOSTOS, SEJAMOS JUSTOS

O STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) julgará amanhã (16/12) se a Portuguesa será punida pela escalação do jogador Héverton, atleta impossibilitado de atuar por ter sido suspenso pelo mesmo tribunal. O atacante havia cumprido um jogo de gancho e precisaria ficar ausente de mais um, no caso, o embate contra o Grêmio, na última rodada do Campeonato Brasileiro.

A rigor da lei, a Lusa deveria perder o ponto que conquistou no empate (0x0) contra o time gaúcho, além de mais três pontos por escalar irregularmente determinado jogador. Na leitura fria da lei, chega-se à conclusão de que o clube paulista deve perder os quatro pontos, passando a somar uma pontuação menor que a do Fluminense (de 48 passaria a 44, dois a menos que o Flu), time que ficou em 17º lugar, ou seja, o primeiro dos quatro últimos. Sendo assim, o clube das Laranjeiras permaneceria na divisão de elite do futebol nacional e a Portuguesa disputaria a Série B em 2014.

No entanto, a reflexão aqui traz como elemento principal a ideia de justiça. Em tese, uma lei é elaborada e aplicada com vistas a resguardar o exercício da justiça, o que significa afirmar que justiça e legislação caminham de mãos dadas, isso quando não são a mesma coisa. A execução da lei é, então, o desenrolar automático daquilo que entendemos por justiça.


O fato é que, neste caso, o cumprimento da lei conduz a situação a um desfecho oposto ao que ela, a lei, deveria conceber. Isto é, leva o caso à consumação de uma injustiça. E por quê? Primeiro, a Lusa não cometeu o erro por dolo, ainda que o crime culposo seja passível de punição. Segundo, o jogador irregular atuou durante os últimos 14 minutos de uma partida que não valia rigorosamente nada e que, como já dito, terminou em 0x0. A Lusa estava livre do rebaixamento e o Grêmio, classificado para a Libertadores do próximo ano. Terceiro, o tricolor carioca não caiu para a segunda divisão devido à escalação ilegal do jogador da Portuguesa. E é justamente pelos três motivos – especialmente pelos dois últimos – que seria descabido punir o time paulista e, consequentemente, livrar o Flu.

O que fazer, pois, se o regulamento prevê uma atitude por parte dos juízes desportivos e o cumprimento da justiça pede outra ação? É evidente que não cumprir a lei abriria um precedente, no qual outros clubes futuramente poderiam se apoiar – aí, sim, de má fé – para tirar uma vantagem qualquer.

A alternativa mais cabível seria extrair os quatro pontos da Lusa no início do campeonato seguinte. Dessa forma, o clube iniciaria o Brasileirão-2014 com -4 pontos, não favorecendo, agora, diretamente o Fluminense, já que este – e nem qualquer outro time – não tem direito algum de se beneficiar do erro alheio. Como dissemos, o tricolor do Rio não foi rebaixado pela escalação irregular do atleta de outro time, e sim pela própria incompetência administrativa e técnica. Em suma, a Portuguesa seria punida, como manda a lei, mas sem beneficiar de forma direta clube nenhum. Neste caso, cumpre-se a lei e preserva-se a justiça.


Para o ano que vem, com o Fluminense atuando na Série B e a Portuguesa devidamente punida, como manda a regra, é importante pensar na reformulação do regulamento, já que ficou provado que este não está em conformidade com o que se entende por justiça.

A mudança mais emergencial deve prever a punição com a perda dos pontos do jogo – e nada mais –, mexendo minimamente na classificação. Outro método a ser implantado é aprimorar a comunicação entre tribunal e clubes, que, diga-se, funciona de maneira amadora. Hoje, o tribunal passa a decisão jurídica ao advogado ou representante do clube e este repassa à direção. O ideal é que essa comunicação ocorra de modo direto, com base em notificação. Por incrível e mais elementar que possa parecer, não é assim que a CBF e o STJD trabalham, dando a dimensão da precariedade a que está entregue o nosso futebol.

Embora tenha havido ilegalidade, a Lusa não foi imoral. Que a moral do campo prevaleça e vença, pois o que está em jogo agora não é a necessidade do Fluminense jogar a segunda divisão por já ter se livrado de outro rebaixamento, em 2000. O elemento-chave aqui é não prejudicar deliberadamente um clube menor, traço histórico do futebol brasileiro. Exige-se apenas e tão somente justiça.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

“ELE TERIA DITO” OU “ELE DISSE”: o bom jornalismo não relativiza

Eis a prerrogativa elementar da imprensa: informar o público de modo responsável acerca dos assuntos que lhe são relevantes. Se reduzíssemos a máxima jornalística a uma palavra, encontraríamos o termo informar. Porém, com as novas tecnologias e a concorrência cada vez mais acirrada, começa a despontar no jornalismo da grande mídia uma prática que vai de encontro ao seu papel elementar: tornou-se habitual utilizar o verbo no condicional para se referir a algum fato que não foi devidamente apurado e que, portanto, não deveria ser publicado.

E por que essa mudança de vocação acontece? Ocorre que a disputa por quem publica primeiro a notícia, o que o jargão habituou-se a chamar de furo, apressou a apuração da informação, isso quando não boicota tal procedimento, fundamental na práxis jornalística. É sabido que a ordem da livre-iniciativa, sob a permissão do capitalismo, tomou conta da economia. Como a grande mídia funciona tal qual uma empresa, informação e lucro passaram a ser indissociáveis. É aí que entram as conveniências, quando um veículo noticia aquilo que apetece a si e a seus parceiros, e o jornalismo, é obvio, perde.

Aliado a isso vêm as novas tecnologias, encabeçadas pela internet e suas ferramentas mais usuais. E é inevitável analisar a imprensa online sem entender que essa interface influencia todas as demais, especialmente a TV. Porque é natural um canal televisivo se incomodar com a rapidez com que a informação escoa na internet, e deixar-se dominar pela pressa, que o senso comum, inteligentemente, afirmou ser inimiga da perfeição. Não se pretende aqui demonizar a evolução tecnológica, mas prudência no seu uso pode regrar o vai-vem informativo.


É nessa necessidade – mais preocupada com o lucro do que com a informação, diga-se – que se encontra o problema. Não é raro ler ou ouvir frases hipotéticas, cujo verbo se apresenta no condicional: “fulano teria dito”, “sicrano teria feito”. Preza o bom jornalismo que se a informação não foi devidamente apurada, a ponto do verbo não conseguir cravar a ação, ela não vira notícia. É algo tão elementar que se aprende nos primeiros meses de faculdade ou de redação.

O dilema, que o mercado se incumbiu de excluir, é esse: “espero para ter certeza e corro o risco de ser superado pela concorrência ou, mesmo na dúvida, publico, pois se eu não fizer, outro o fará, e depois verifico se o fato confere ou não?”. A dúvida inexiste, pois a premência de tudo faz prevalecer, especialmente na grande mídia online – com respingos na TV –, a segunda opção. E vemos, então, um festival de leads com verbos portando o sufixo “ia”.
Trecho do texto, publicado em 19 de abril de 2012 na seção Poder, extraído do portal www.folha.uol.com.br, cujo título simboliza o assunto abordado neste post.

Entre isso e a não informação a distância é nula. Em caso de incertezas, é simples: não há o que publicar. Mas como a disputa empresarial é intensa e as ferramentas de disponibilização de conteúdo agilizam afirmações e desmentidos, o mote do jornalismo deixa de ser a publicação da verdade factual e se torna apenas a publicação. A verificação da fidedignidade era condição precípua para a veiculação da notícia. Sob a nova tendência, a confirmação fica para depois.

O jornalismo, enquanto campo de atuação junto à sociedade e mediação entre esta e os acontecimentos, construiu a sua credibilidade não pela quantidade de fatos noticiados, mas sim pela garantia de portar consigo a verdade, o elemento confiável que imprime fidelidade entre público e meio de comunicação. O que seria dos amontoados de manchetes sem uma boa história, rigorosa como deve ser, capaz de dar sentido aos destaques e fazendo a capa valer a pena. 

sábado, 7 de dezembro de 2013

1918-2013: a história se escreveu

É difícil não ser piegas ao falar de Mandela. Tentarei não ser. Ao mesmo tempo, dane-se o patrulhamento aos adjetivos demasiadamente afetuosos. Se não os descarregarmos sobre Nelson, teceremos loas a quem? Excetuando as divindades e os semi-deuses – antes que os fundamentalistas de todas as partes me acusem de blasfêmia imperdoável –, Madiba foi das criaturas mais admiráveis a pôr os pés neste mundo. O que não simboliza dizer que o líder sul-africano fosse perfeito. Não era, ainda bem, pois as perfeições podem ser entediantes e incompreensíveis.

Como se vê, os nomes eram vários: seis ao todo, sempre preservando o sobrenome Mandela. Rolihlahla, em Xhosa (tribo à que pertencia, por causa do pai, quando nasceu), significa aquele que traz problemas. Nelson foi o nome que ganhou na escola, devido à influência inglesa no país. Madiba, nome do clã pertencente ao povo Thembu do qual passou a fazer parte. Tata, em Xhosa, significa pai. Khulu, em Xhosa, tem sentido de avô, sendo também sinônimo de grande e supremo. Dalibhunga, nome que recebeu da etnia Xhosa aos 16 anos, cujo significado profético é criador da conciliação, do diálogo.


Mandela, homem de coração largo e generoso, é daqueles que não deveriam morrer. É impressionante notar que o sul-africano viveu seus 95 anos de tal forma, que se a minha vida e a sua, caro leitor, fossem somadas, ficaríamos aquém, ainda que vivêssemos praticamente um século ou mais. Nós, os medíocres, deveríamos só olhar, porque Mandela inspira. Diferente do resto, eis o homem que tinha o sorriso, o olhar e a palavra e, por isso, não era um qualquer.

É senso comum dizer que o mundo seria bem melhor se mais Mandelas aparecessem. Mas ele só foi quem foi por ser um. E a ideia da raridade é justamente essa: fazer com que a figura fique para a posteridade por ser única, a referência, e não o banal. É como se Deus tivesse botado uma porção a mais de si em Mandela para que o mundo pudesse deliciar. Mas nada disso bastaria, se o revolucionário não tivesse o talento humano de potencializar o dom.


A filosofia platônica prega que a morte é a cura. É o momento em que a alma, infinita e perfeita, desprende-se do corpo, perecível e falho. Para Platão, a viver terrenamente é inviável, pois como pode ser boa uma vida que se desenrola com base no aprisionamento? Ao que parece, Mandela desmentiu um dos gigantes do pensamento grego. Mostrou que o corpo pode complementar a alma e consumar o impossível. Um beijo, Dalibhunga.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

NUM PARÁGRAFO, O FIM

O papel amassado, a tinta borrada e os dedos manchados denunciavam: aquela carta fora lida diversas vezes. Ela revisava frase por frase, uma palavra após a outra, na expectativa de ser dissuadida por um desfecho contrário ao que ficara explícito. Ela relia o parágrafo único sem resignação, como quem procurava uma linha a mais que portasse um “todavia”, um “porém ou um “mas”. Mas, não. A companheira, a mesma com quem enfrentara o preconceito da família e de toda a sociedade, partiu. O que tornava tudo tão incompreensível era o fato de não ter havido o olho no olho, uma troca qualquer de palavras. Talvez tivesse doído menos ouvir um “acabou, não te quero mais”. A escrita, ao contrário da oralidade, deixa em aberto o verdadeiro sentimento que motivou a atitude: “estaria ela com raiva, hesitante, decidida?”. Cada lágrima enxugada carregava consigo a esperança de não ter lido acertadamente o final trágico ou de encontrar uma explicação que pudesse ser esclarecida, e tudo voltaria a ser como sempre foi. Mas, não. Não existia um motivo lógico ou evidente: a mulher, que até a leitura da carta fora sua, deixou-a para não mais sê-la, não obstante uma lembrança terna da felicidade que se esvaiu. Simplesmente, acabou, como pode ser finito qualquer amor incapaz de se reinventar.



quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O NOSSO MORALISMO, COMO DE PRAXE, APONTA PARA A PESSOA ERRADA

O jogador brasileiro Diego Costa, 25 anos, natural de Lagarto (SE), que atua no Atlético de Madri, fez na última terça-feira uma escolha que irá despertar a ira dos brasileirinhos patriotas: abriu mão da convocação à Seleção Brasileira para atuar pela atual campeã mundial, a Espanha. Não se discute a legalidade nem o quão saudável ao esporte é a possibilidade de um atleta de um determinado país ser “contratado” para atuar por outro, visando especialmente os torneios importantes. A brecha no regulamento permite tal movimentação.

Isso à parte, que me perdoem os pachecos de plantão, mas o jogador tem o direito de defender a esquadra que preferir, ainda mais se a regra permite. E lembremos do momento que vivemos: não é mais tempo de esbravejar que “ele virou as costas para o país, traiu toda uma nação!”, e mais aquelas frases feitas que soam ensaiadas e não menos hipócritas. Qualquer moralismo é incabível e, convenhamos, as lições dessa ordem nunca combinaram com o futebol. Que Diego Costa tenha sucesso como jogador da Fúria.


O outro lado dessa discussão cabe ao técnico do Brasil, Luiz Felipe Scolari. Se há alguém que não pode se queixar do veredicto do atacante é o gaucho. Felipão convocou, em 2012, o atual artilheiro do campeonato espanhol para dois amistosos importantes (Itália e Rússia). Na soma dos dois jogos, foram 31 minutos dados a Diego pelo técnico canarinho. É fato que o rendimento não foi bom, mas é fato também que Scolari perdeu muito tempo, em 2013, com Alexandre Pato – em má fase e reserva no Corinthians –, enquanto Diego Costa, sem ser convocado, anotava mais tentos que Messi e Cristiano Ronaldo na Liga Espanhola.

E esse é o ponto-chave do debate. Ainda que Diego Costa não seja um jogador de alto nível, merecia mais chances, especialmente vendo atacantes, cujo rendimento em seus clubes era bem inferior, sendo chamados e não convencendo. Em vista disso, a sensação é que o sinal positivo dado por Vicente del Bosque, treinador da Espanha, no sentido de querer contar com o jogador, despertou no técnico brasileiro aquele sentimento de quem “dormiu no ponto”, e decidiu reparar o erro. Um pouco tarde, Felipão. Ao invés de sensacionalizar o assunto, dizendo publicamente que o sergipano “deu as costas ao sonho de milhões de brasileiros”, a sua responsabilidade era convocá-lo justamente por ser o melhor atacante brasileiro em atividade. Se houve alguém a dar as costas a outrem foi o bigodudo que comanda a Seleção.


É fundamental que o jornalismo não acirre ainda mais os ânimos e passe a tratar a decisão de Diego Costa com desapego e sem o velho discurso piegas. É papel importante da imprensa não botar mais paixão em meio a um esporte que quase não resguarda o mínimo de racionalidade. A despeito da nossa safra ruim na posição de centro-avante, já foi mostrado que a Seleção possui uma base competitiva para a disputa do mundial. É obrigação do treinador garimpar outro atacante, depois da negligência que não passou impune.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

ORAÇÃO DO DESEJOSO AGRADECIDO

Meu bom Deus,

Obrigado pela vida.
Pela natureza organizada,
Embora nossa percepção limitada
Faça tudo parecer caótico.

Peço que continue a nos velar.
Que o entendimento e a lucidez permeiem nossas ações,
Porque sem discernimento
Nada é digno de valer a pena.

Obrigado pela liberdade,
Pela possibilidade de sermos alguém.
Por nos responsabilizar
Ou consagrar o que aqui se faz.

Oro para que a capacidade de conhecimento avance.
Que a razão possa desmistificar o mundo
E novos desafios venham,
Pois a comodidade e o obscurantismo corrompem.

Agradeço pela brevidade.
Tanto das gentes, como das coisas.
O eterno banaliza as coisas
E não dá às gentes um mote.

Rezo para que sejamos também afeto.
Porque o método pragmatiza.
E sem sentimento,
Encontrar-te é impossível.

Amém



terça-feira, 15 de outubro de 2013

FAÇA JUS AO NOME: a autoajuda só pode vir de você, não dum livro

Como são fantásticos os livros de autoajuda! Com eles, é possível emagrecer 50 quilos em uma semana, ainda que a gente tenha se alimentado mal e errado a vida inteira. Com esse gênero de literatura, a gente consegue chegar à felicidade ou resolver os maiores desafios da vida ao ler as sete ou dez dicas desse ou daquele livro. É bem verdade que a Filosofia debate essas dúvidas desde o século VI a.C., e ainda não encontrou uma resposta definitiva – e possivelmente não achará nunca.

Mas o que é o maior campo do saber, se comparado a um livro de autoajuda? Se a Filosofia patina há 28 séculos, o livreto com as dez soluções existenciais para viver melhor é capaz de descobrir isso em pouco tempo, e mais: resume tudo em algumas páginas. Esse fenômeno diz muito sobre quem somos, o nosso comodismo de buscar o caminho mais fácil, sem discernir (e por que nos daríamos a tamanho trabalho?) que essas bulas não passam de ilusão.


Como se cada pessoa não tivesse uma maneira peculiar de ser feliz ou de buscar qualquer outro anseio. Não há fórmulas e, por isso, criar um padrão que abranja um número extenso de pessoas é negar o óbvio: cada microcosmo (indivíduo) é um emaranhado de defeitos e virtudes, uma aquarela genética, perfis conflitantes que habitam meios completamente distintos. Como botar toda essa diversidade sob o jugo de um referencial apenas?

O mais grave é o leitor não entender isso. Porque o receituário promete mil milagres, mas possui um defeito crucial: ele é incapaz de se adequar plenamente a nós. O ser, mutante que é, daqui a um segundo não será mais quem foi há pouco. A existência humana é tão complexa, e dialética, e paradoxal, que não há livro que possa consumar todas as crises. O homem desenvolveu a inteligência justamente por isso: para buscar, dentro de si, nos confins da sua própria existência, a resposta para o que o angustia.

Como são tristes os livros de autoajuda...

sábado, 5 de outubro de 2013

AMARILDO, O “BOI”, FOI UMA VÍTIMA DO NOSSO TRAÇO CULTURAL MAIS PERVERSO

Digamos que Amarildo de Souza, o “Boi” (como poucos, ele conseguia carregar, nos ombros, dois sacos de cimento numa única corrida, fazendo jus ao codinome), fosse traficante ou tivesse qualquer tipo de relação com o crime organizado na Comunidade da Rocinha. Digamos que Amarildo não fosse o ajudante de pedreiro que era, cujos contra-cheques comprovam a sua atuação como tal. Digamos que, mesmo envolvido no poder paralelo da maior favela brasileira, Amarildo preferia – só pra não chamar a atenção – morar numa casa de 18m² (provavelmente um espaço menor que a sala da sua casa), único cômodo, sem rede de esgoto, com a esposa e seis filhos.

A despeito de todas essas hipóteses, que cada vez mais são derrubadas, Amarildo não merecia o fim que teve. Ninguém merece. Não só porque o “Boi” era inocente. É que não é digno, nem do pior bandido, morrer da forma que foi, pelas mãos do Estado a desfechar o caso com tamanha frieza, como se ele, o Estado, fosse um... criminoso, o mais desprezível entre todos. Porque, em sã consciência, pouca gente é capaz de contradizer o óbvio: a PM do Rio, alocada na UPP, um dia depois da operação “Paz Armada”, chefiada pelo Major Edson Santos, torturou e executou “Boi”. É para isso que as investigações da polícia civil apontam.


Embora lamentável, não é uma prática pouco recorrente, especialmente em regiões carentes. É o velho ranço da escravidão, que ainda responde pela afinidade entre negritude e pobreza. Tal como naquela época, o zelo pela vida do miserável quase inexiste. No fim, quem se importa com um favelado morto? Razão pela qual, em situações como esta, cai em voga o comentário: “e quem garante que ele não era bandido?”. Eis a pergunta mesquinha, pois nem perto de justificar qualquer agressão, quanto mais a morte. Para quem ainda não percebeu, o Brasil é um Estado Democrático de Direito, e, diante de qualquer suspeita, o procedimento correto requer indícios, evidências, provas, além de julgamento com ampla defesa do acusado e, se for o caso, prisão sem pena de morte.

A ação, como já analisou este blogueiro (http://semcensor.blogspot.com.br/2013/08/o-povo-nas-ruas-pm-e-o-jn-conheceram.html), está mais relacionada à PM e menos aos profissionais em si. Claro que há o policial corrupto, como há em qualquer profissão. É bem verdade também que a diferença entre um PM corrupto e, por exemplo, um advogado corrupto é enorme: o primeiro trabalha armado, e uma ação sua indevida pode ceifar uma vida. Até por isso, é justo que o fardado receba um salário melhor que o atual, condições mais apropriadas de trabalho (armamentos e equipamento sofisticados), mais treinamentos. Enfim, é fundamental que a corporação esteja escorada num sistema de inteligência que faça o PM se expor o menos possível, seja para o bem ou para o mal.


Além disso, é necessário arrancar da polícia militar o DNA que a acompanha desde a sua origem. Quando assume a posição de defender o poder de quem o ameaça, ou seja, o povo, acaba por agir como no “caso Amarildo”. Para a polícia, se o povo é uma ameaça que deve ser extirpada, imagine, então, a porção pobre da massa. Amarildo é vítima dessa sistemática, que tem governos e polícias no centro da discussão, porém sem cometer as atrocidades sozinhos: a sociedade, que abre mão de ter esses acontecimentos como prioridade, é parte culpada também.

O “Boi” foi vítima da PM aristocrata que temos, tão ultrapassada quanto violenta, e da sociedade que negligencia questões desse tipo. O que aconteceu a Amarildo – e a tantos outros pobres e pretos como ele – retrata pouco ou muito um Brasil ainda enraizado no que de pior esse país já teve. A morte desse ajudante de pedreiro, pai de seis filhos, não pode ser em vão. Porque ela joga luz sobre uma PM que age feito aqueles que nos despertam os maiores medos. Se a sociedade acha tudo isso normal, ela também tortura e mata um pobre da Rocinha.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

QUANDO AMBOS MENTEM NUM RELACIONAMENTO

O texto de hoje vai pra você, que já caiu no falso discurso bondoso e compreensível da mulher que está ao seu lado. Porque o tempo juntos, a longevidade do relacionamento, faz com que a gente acredite que as nossas cagadas (todas elas) possam ser perdoadas incondicionalmente. O pior de tudo é que cremos nisso, pois a outra peça da relação assume que não te porá contra a parede, caso você confesse “um crime”.

A situação mais clássica – que já aconteceu comigo e deve ter ocorrido com você também – é quando passa uma mulher ao seu lado, e a sua companheira, antes mesmo de você, nota que a criatura em movimento é uma das coisas mais lindas que já pairaram na Terra. Sucede a essa conclusão a velha pergunta manjada de toda mulher temerosa: “você achou aquela moça bonita?”. Na sequência, a afirmação (também dela): “pode falar a verdade, eu não vou ficar brava”. Aí é que mora o problema...

Porque a causa de toda a guerra mundial do casal que virá após a sua resposta, caso ela seja positiva, é justamente aquele adendo à pergunta, quase que de forma despretensiosa, aparentemente sem querer (“pode falar a verdade, eu não vou ficar brava!”), mas que é uma arma poderosa da mulher para “espremer” o macho adiante (algo semelhante ao jargão policial “tudo o que disser poderá ser usado contra você no tribunal”). E o homem – ou a outra mulher – da relação, despreparado, desatento e inocente, cai feito um pato, cometendo o maior erro que alguém pode praticar nessa situação: dizer a verdade.


Esta é uma verdade que jamais pode ser revelada. Por mais inacreditável que seja a mulher a desfilar ao seu lado, a deixar aquele perfume que ficará entranhado na sua alma, não diga que a achou linda. Se possível, jure de pés juntos, joelhos no milho e mãos-postas que nem sequer viu a moça. É evidente que não é correto mentir, mas essa é uma pendenga que você resolverá com o Todo Poderoso só depois, daqui a sabe-se lá quanto tempo. Enquanto o Juízo Final não vem, para o bem da paz mundial, minta.

Essa é a famosa mentira que protege a própria mulher e, claro, a si mesmo. Porque se a sua resposta for “sim, eu achei aquela moça bonita”, dentro de poucos minutos a sua querida companheira estará com a auto-estima lá embaixo, se achando a obra mais cretina concebida pelo mundo, temendo que você irá largá-la para ficar com a outra que acabara de achar apenas bonita. Sejamos realistas: a sua vida vai virar um inferno, ainda que por pouco tempo. Em suma, achar outra pessoa bonita é algo tão banal, posto que outras pessoas são inevitavelmente bonitas, mas tal julgamento se transforma numa paranoia incontrolável na cabeça da mulher.


Temos, então, o célebre efeito borboleta. Uma palavra mal posta aqui, uma opinião não tão bem sucedida ali, um adjetivo atribuído ao substantivo errado acolá, e bang! Toda a lógica do tempo e dos acontecimentos premeditada por Deus é desestabilizada, e já era a calmaria. Você será crucificado por uma boa porção de minutos. Por isso, para evitar o caos, mesmo que ela venha com o olhar meigo e a voz doce, brade a palavrinha que manterá em voga o bem de todos e a felicidade geral dos dois: “Não! Não vi graça nela” ou um desprezível “Não! Nem reparei...”.

Do contrário, você terá de desempenhar o trabalho psicológico que é inerente a quem se relaciona com uma mulher: o de desfazer a tristeza e o ódio dela por você. Uma vez que se você for frágil, cair na armadilha e responder “sim, achei a criatura bonita”, você encontrará a sua amada desolada ou enfurecida e, logo após indagar “por que você tá triste? O que aconteceu?”, ela te fará o maior culpado de todos os tempos usando algumas poucas palavras: “você achou ela bonita...”.


Ocorre que toda pergunta feminina (como a do tipo “você achou aquela moça bonita?”) é retórica: ela indaga, só que exigindo de você a resposta que ela quer. É a única situação em que uma interrogação não está aberta a várias possibilidades, e ai de você – namorado, noivo, marido ou igualmente mulher – se não souber qual a resposta correta a dizer. Nunca é demasiado recordar: só há uma mísera opção de resposta, uminha da silva. É prudente, pois, que você esteja atento a ela, se quiser sair ileso de uma discussão de relacionamento.

Em caso de erro – e é importante lembrar que existe uma chance enorme disso ocorrer –, talvez você tenha que perder o futebol de logo mais pra convencer a amada de que, mesmo achando outras mulheres lindas, é ela que você quer, porque a outra, além de não possuir metade da beleza dela, simplesmente não é ela, a pessoa em meio a milhares que você escolheu para ficar ao seu lado a vida toda. Minta, admita em silêncio a beleza da outra e confirme aos quatro cantos que, a despeito de todas as maravilhas que te circundam diariamente, é a sua mulher que te faz feliz como nenhuma outra.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

NATUREZA ANTROPÓFAGA: por que a gente transa às escondidas

Se alguém te pedir pra fazer uma lista com as cinco coisas de que você mais gosta, certamente o sexo estará entre elas. Possivelmente, ele se encontrará nas três primeiras. É muito provável que encabece a relação. Exceto ao mais imaculado dos corpos, é inegável que a experiência sexual é a perdição da carne, a prova cabal de que o espírito se rende à matéria. E tudo seria mais triste se de outra forma fosse.

O sexo, que no princípio da existência humana (ainda completamente primitiva e selvagem) era usado pelo homem – e só por ele – para saciar uma necessidade, passou a ser usado para perpetuar a espécie, fruto do desenvolvimento da inteligência do homo sapiens. Só depois, o homem entendeu que era também direito da mulher sentir prazer. Nada mais justo, então, dizer que a posição de 4 é antecessora do papai e mamãe.

Mas por que algo tão bom às duas partes – incluindo aí, claro, as relações homossexuais – é ao mesmo tempo excessivamente profano? Em que momento da história o ser humano convencionou que o sexo deveria ser às escondidas, ao contrário do beijo e do abraço? Não defendo a ideia de socializar a relação, com o ato na rua, à base de ingresso cobrado junto à plateia voyeur. Mas o fato é que, num dado momento, acordou-se que o sexo deveria ser de âmbito íntimo.


A própria mentalidade de perpetuar a espécie e, como conseqüência disso, constituir família pode ter contribuído para se enclausurar o sexo. É como se transar às escondidas passasse a preservar moralmente um ato que, agora, não é mais uma forma de desafogo das excitações, mas o sustentáculo de um projeto de vida que prevê continuidade. A casualidade era propensa ao publicismo. O compromisso parece inibir.

Um outro peso em favor da blindagem da ação sexual pode ter sido a religião. O motivo é simples: as convenções morais, que normalmente se calcam nos dogmas de fé, são impiedosos com a mulher. Razão pela qual a obrigatoriedade de se casar virgem, de não abandonar o macho que a agride, de não poder trabalhar, estudar, votar, de ser obrigada a se contentar com a traição do marido era – ou ainda é – da mulher.

Aos olhos da tradição judaico-cristã, o sexo virou algo profano a partir de Eva. No jardim do Éden, foi ela a dar o fruto proibido ao “ingênuo” Adão, e se, até pouco tempo atrás, os dedos recriminavam a mulher, foi por causa disso. A ideologia machista, legalizada pelas Escrituras (especialmente no Velho Testamento), obteve tamanho poder, que não foi incomum num passado recente ver mulheres julgando uma semelhante sua.


Em momento posterior, já na Era Cristã, Jesus foi descrito como casto, aquele que se dedicou exclusivamente à causa. Como se alguém ao seu lado fosse se configurar em um empecilho, a atrapalhar a consumação da profecia. Se o nazareno tivesse se relacionado com Madalena – hipótese levantada por quem contesta passagens da Bíblia –, o sexo certamente seria visto, hoje, como algo menos proibido e pecaminoso. E, convenhamos, não botaria em xeque, um milímetro sequer, a base da cristandade.

Se a referência for o Islamismo, tudo é ainda mais severo. De novo, a figura da mulher é central, e ela é resguardada excessivamente pelas regras rígidas (que, muitas deles, não são arbitradas por Deus ou Alá, mas sim pelos homens de má fé). As roupas, que cobrem o corpo todo, provam que a mulher detém uma liberdade física menor que o homem, a ponto de ser apedrejada – voltamos ao que de pior havia no passado? – em caso de traição ao marido. Na possibilidade inversa, o homem é preservado.


Na mitologia grega, o mesmo. Outra vez, a mulher como figura inferior ao homem. Pandora, a primeira mulher, mandada por Zeus como forma de punição à desobediência do homem, portava consigo uma caixa. No objeto, somente coisas boas, que deveriam ser ofertadas ao mundo apenas depois da ordem suprema. Incapaz de esperar, a curiosidade fez com que ela abrisse a caixa, soltando ao léu o que de pior poderia acometer a espécie humana.

A religião, mais por culpa dos homens que a interpretam, pode ter induzido o sexo à intimidade. A própria auto-censura, à que está submetida a consciência humana, também deve ter a sua parcela de culpa na escolha do ambiente fechado. Independente do fator histórico que tenha levado a transa para dentro de quatro paredes – ou do banco do carro estacionado em local isolado –, o melhor mesmo é fazer sem ninguém por perto. Qualquer intruso pode atrapalhar um dos poucos momentos que, a cada vez que é executado, concede uma sensação diversa, impagável, algo que oferta mais prazer a quem sente, e não àquele que vê.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O POVO NAS RUAS: a PM e o JN conheceram a força da democracia

O poder abomina o protesto. Na imensa maioria dos casos, há na manifestação um resquício de revolução, e a investida revolucionária tem como principal mote reverter o sistema vigente. Ou seja, quem está no topo da pirâmide é visto pelos “meros mortais” como a causa de boa parte dos males sociais. A melhora requer mudança.

Foi com vistas à manutenção do poder intocável que Portugal, no início do século XIX, criou a primeira polícia militar no Brasil (mais precisamente no Rio de Janeiro, um ano após a vinda da família real ao país), justamente para manter o que os poderosos chamam de “ordem”. A “ordem”, nesse e em diversos outros casos da nossa história, significa: “não aceitamos perder ou dividir o poder com o povo e, por isso, reprimimos qualquer movimento contrário a nós”.

A PM nasce para abafar as ondas de protestos contra a monarquia e o império, isto é, falamos aqui de um organismo que tem, em seu DNA, aversão às liberdades de todos os tipos. Mais tarde, a polícia fora acionada para frear os grupos contrários à escravidão. Quem exigia mudanças políticas, econômicas e sociais, estava contra o governo. E se o Estado sofre pressão, quem aparece para protegê-lo? A polícia, é claro.


O que a política e seus aparelhos de repressão tardam a compreender é que a liberdade de ir e vir é inerente ao ser humano, é como o combustível para a própria vida, é a necessidade encalacrada no instinto e na racionalidade, almejando sempre o benefício do indivíduo e da sua convivência com o mundo.

Avançando no tempo, chegamos a junho de 2013, o ano que já entrou para a história do país, porque o povo renasceu. Especificamente o dia 13, uma quinta-feira, mudou o destino das reivindicações. Mas não só. Outra instituição, além da PM, precisou rever seu modus operandi, pois saltou aos olhos a deformidade do seu trabalho: a imprensa.

Os que detêm a imprensa, especialmente a escrita e eletrônica de grande apelo, são magnatas do ramo da comunicação. Na maioria dos casos, não são proprietários de um canal de TV ou jornal, mas encampam monopólios e conglomerados, algo fruto da livre-iniciativa do capitalismo e da conivência corrupta de governos, além de ser, descaradamente, uma configuração nociva ao Estado Democrático de Direito.

Era de se esperar que o jornalismo dessa gente graúda não visse com bons olhos a invasão das ruas, as palavras de ordem, tudo aquilo que uma sociedade minimamente organizada e consciente necessita reiterar aos quatro cantos. O que a grande mídia não esperava é que ela, sempre intacta, seria alvo. Foi aí que Veja e principalmente a Globo sofreram.


Bonner precisou deixar de acompanhar a seleção brasileira na Copa das Confederações, legando o papel a Galvão, e retornou ao estúdio do JN para acudir Patrícia Poeta. A cobertura do telejornal no dia 14 foi histórica: nada de generalizar, nada de julgar todo o movimento como vandalismo, baderna, depredação. O jornalismo da Globo finalmente fizera aquilo que é dever da imprensa: cobrir os fatos como eles são e resguardar a sociedade, e não o poder, ora pois.

Quando decidiu pela mudança editorial, o JN admitiu algo muito elementar: “até ontem fizemos o jornalismo do patrão, o noticiário pertinente ao poder abastado. Agora que isso não passa despercebido pela população, é preciso fazer as coisas do modo correto”. A guinada ocorreu muito em função também da ação arbitrária e violenta da PM frente aos manifestantes. Era impossível concordar com tudo aquilo que aconteceu no dia 13.

Foi a partir daí que o jornalismo da emissora passou a aceitar o movimento, pois ele era “pacífico na sua grande maioria”. Curioso um protesto de tamanhas proporções mudar de quinta para sexta, como numa trama mágica. Na essência, o clamor das ruas sempre foi o mesmo, com o teor da não-violência. O que mudou, por força do povo – dono majoritário de qualquer emissora de rádio e TV –, foi a cobertura jornalística: não se tornou tendenciosa ao contrário, só ficou mais justa, equilibrada.


Os rebeldes – no sentido mais sadio que o termo possui – continuaram pacíficos e o grupo se fez maior. Aumentou, pois os jovens, que apanharam covardemente da PM (aquela que defende o Estado e não o povo, aquela que bate em professor nas reivindicações por melhores salários), foram auxiliados no dia seguinte pelos seus pares, culminando nas manifestações dos dias 17 e 24, dois dos momentos mais empolgantes da nossa história recente.

O poder emana do povo, e só dele. Mais cedo ou mais tarde, de um jeito ou de outro, será sempre o povo a dar as cartas. É fundamental que a PM e os brutamontes da imprensa entendam isso.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

O PAPA NO BRASIL E A FILOSOFIA QUE FALTA

Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16:18). Jesus idealizava uma igreja que, hoje, inexiste. Qualquer vertente religiosa, por maledicência ou força das circunstâncias, foi cooptada pelo capital – que é o poder atualmente constituído –, e aliou-se a ele. Muito antes disso, a própria igreja buscou o poder, ao juntar-se ao já decadente império romano, em fins do século IV (376 d.C.). Exatamente cem anos depois, Roma se foi. A igreja, não.

É evidente que existem casos isolados, de fundações que pregam o evangelho assim como Cristo o concebeu. Ou são porta-vozes do que Deus consentiu. Há pessoas inseridas nessas organizações, cuja seriedade certifica que o discurso não é vazio (já cansaram as frases feitas: “Jesus te ama” ou “se você ser ou fizer isso vai pro inferno”). Gente que, mais do que seguir a Bíblia, estuda-a para tentar jogar luz sobre os mistérios que a razão é incapaz de comprovar.

Porém, de modo geral, todos os ismos que servem de sufixo às nomenclaturas religiosas são apegados à realidade terrena e ficam aquém no quesito espiritualidade. Talvez porque o ser humano seja assim também, muito preso a provas cabais, pouco condizente com o que Jesus legou. Segundo Nietzsche, o anticristo somos nós.


Ao que pese o Papa ser representante de uma vertente religiosa, o catolicismo, de alguma forma ele influência – mesmo que à distância – essa ou aquela opinião, o modo como as pessoas o veem e recebem seus posicionamentos. Quando alguém do seu cacife está no Brasil, naturalmente discutimos com mais afinco o que ele fez e disse ao longo do dia, coisa que não acontece quando ele está no Vaticano ou em qualquer outro país.

O Papa não é santo. É um personagem influente. Até por isso, é prudente não julgar a sua vinda pelo viés do catolicismo/cristianismo. Pouco importa se haverá mais convertidos após a passagem de Jorge Mario Bergoglio pelo Brasil. Se o argentino deixar aqui um olhar terno e otimista, uma palavra de esperança, um posicionamento que vise o caminhar adiante, o avanço, a evolução, essas coisas que andam tão estagnadas e que parecem fazer a nossa mentalidade – inclusive entre os jovens – regredir sem controle, terá valido muito a pena. Enfim, qualquer ensejo simples que nos faça melhores, a revigorar o que em nós adormece ou se perde.


O discurso improvisado do pontífice aos argentinos, ontem (quinta, 25), em cerimônia fechada, foi imensamente proveitoso. Mas é só o princípio. A vinda do Papa não é o fim de nada, e sim o começo, o ponto de partida pra que busquemos o algo a mais. Contentar-se apenas com líder da igreja católica é percorrer só metade do trajeto, e olhe lá. Ver Francisco ou estar próximo a ele é o mote (e não o objetivo supremo) para impedir a recessão dos nossos julgamentos, crenças e discernimentos. É fundamental desvincular-se da paralisia de que o ser humano tanto gosta. Não é fácil, nem cômodo. Mas é recompensador.

A necessidade tida pelo homem de materializar Deus em cantos, ritos, gritos, enfim, em qualquer coisa que seja visível, audível e palpável, parece mais limitar do que estender a nossa relação com Deus. Esqueçamos os dogmas. As leis que os homens da igreja criaram tornam as nossas tentativas mais materiais e menos metafísicas. E é no que não se pode ver, tocar e ouvir que está Deus em plenitude. É nos olhos fechados, no silêncio que medita, na busca por não ouvir o outro e nem ouvir a si mesmo que se encontra o maior legado cristão. A verdade que nos atormenta, que nos enfraquece, que nos faz desanimar, aguarda que o mais paciente continue a buscá-la, pois só ela redime e conforta. Eis o desafio íntimo e quieto fecundado no espírito, a ser semeado pela lucidez, pelo entendimento e, claro, pela fé. 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

DEUS SEJA LOUVADO! 100 mulheres que comprovam que você não veio do macaco

Qual a importância de uma lista contendo – na humilde visão desde blogueiro – as 100 mulheres mais bonitas dos filmes estrangeiros? Absolutamente, nenhuma. Confesso que o mote principal surgiu após ver três filmes, em sequência, da não pouco bela Scarlett Johansson, e perceber que depois tudo ficava mais feio. E comecei a pensar em outras que me produziam o mesmo efeito: o dom de anestesiar o corpo e botar qualquer senso de beleza no divã, tamanha a bondade que a natureza despendeu a essas criaturas e a dificuldade de julgar a perfeição.

No princípio, escolheria 50 mulheres que eu havia visto nos filmes. Porém, ao perceber que Ava Gardner, Brigitte Bardot, Brooke Shields, Megan Fox e Rita Hayworth ficariam de fora (sim, eu jamais vi qualquer filme que as tivesse como atrizes), abri a exceção de colocar as que desconhecia e as famosas que não poderiam deixar de estar, para não tornar a coisa injusta. Mesmo assim, sobrarão pessoas a me xingar, a dizer que “aquela fora da lista é mais bonita que esta”. Tomara mesmo que isso aconteça...

Além dos nomes que brotaram, aos poucos, da minha lembrança, usei o Google Imagens e o portal Adoro Cinema para complementar a pesquisa. Selecionei as mulheres com base, apenas, no rosto, sem considerar se a bunda de uma é maior que da outra, sem levar em conta o talento dessa ou daquela para atuar. Razão pela qual a incrível Meryl Streep não está na relação. E o que é mais evidente nessa coisa de beleza: talvez você olhe pra alguma escolha minha, e pense: “o que ele viu nessa criatura?”.

Não quis me arriscar a colocá-las num ranking – elas serão dispostas em ordem alfabética, contendo, além do nome, a nacionalidade, foto e filmes em que atuaram. E fiz isso por um único motivo: é impossível julgar seres tão olimpianos. De todo modo, se é pra escolher uma, daquela que ocuparia o posto de número 1, diria o nome da primeira que lembrei, ainda quando rascunhava à caneta os primeiros nomes: Marilyn Monroe.

*Os filmes com asteriscos são os que eu não vi


Agnese Nano (Itália)
  
Cinema Paradiso


Amanda Peet (EUA)

Alguém tem que ceder; De repente é amor; Syriana; 2012


Amanda Seyfried (EUA)

Mamma Mia!; O preço da traição; Querido John; Cartas para Julieta; Os Miseráveis

Angelina Jolie (EUA)

O colecionador de ossos; Amor sem fronteiras; Roubando vidas; Alexandre; O bom pastor; A troca; O turista


Anita Ekberg (Suécia)

A doce vida*


Anne Hathaway (EUA)

O segredo de Brokeback Mountain; O diabo veste Prada; O casamento de Rachel; Idas e vindas do amor; Amor & outras drogas; Alice no país das maravilhas; Os miseráveis; Batman: o cavaleiro das trevas ressurge

Audrey Hepburn (Bélgica)

A princesa e o plebeu; Bonequinha de luxo


Audrey Tautou (França)

O fabuloso destino de Amélie Poulain*; O código da Vinci; Coco antes de Channel*


Ava Gardner (EUA)

Os assassinos*; Mogambo*


Brigitte Bardot (França)

O desprezo*; Masculino, feminino*


Brooke Shields (EUA)

A lagoa azul*; Amor sem fim*; Hannah Montana*


Candice Bergen (EUA)

Gandhi; Miss Simpatia*


Capucine (França)

A pantera cor-de-rosa*


Caterina Murino (Itália)

007: Cassino Royale


Catherine Deneuve (França)

A bela da tarde*; Pele de asno; Dançando no escuro; Persépolis


Catherine Zeta-Jones (País de Gales)

A máscara do Zorro; Traffic; O Terminal


Charlize Theron (África do Sul)

Advogado do Diabo; Doce Novembro*; Branca de Neve e o Caçador


Charlotte Rampling (Inglaterra)

O porteiro da noite*; A lista: você está livre hoje?; A duquesa*


Claudia Cardinale (Itália)

Oito e meio*; Era uma vez no Oeste


Connie Nielsen (Dinamarca)

Advogado do Diabo; Gladiador


Cyd Charisse (EUA)

Cantando na chuva


Dalida (Egito)

Diga-me sobre o amor*; O desconhecido em Hong Kong*


Daryl Hannah (EUA)

Um amor pra recordar; Kill Bill 1 e 2


Debbie Reynolds (EUA)

Cantando na chuva; O Guarda-Costas


Diane Kruger (Alemanha)

Tróia; Bastardos Inglórios


Diane Lane (EUA)

Chaplin; Infidelidade; Sob o sol da Toscana; Noites de Tormenta


Elisha Cuthbert (Canadá)

Show de vizinha*; A casa de cera; Ironias do amor*


Elsa Pataky (Espanha)

Velozes e Furiosos 5 e 6*


Emma Roberts (EUA)

Idas e vindas do amor


Eva Green (França)

Cruzada; 007: Cassino Royale


Eva Longoria (EUA)

Sentinela


Eva Mendes (EUA)

Por um triz; Hitch: conselheiro amoroso*; Motoqueiro Fantasma*; Apenas uma noite


Fanny Ardant (França)

Elizabeth; Paris, te amo*


Françoise Fabian (França)

A bela da tarde*


Freida Pinto (Índia)

Quem quer ser um milionário; Você vai conhecer o homem dos seus sonhos*; Planeta dos Macacos: a origem*


Gillian Anderson (EUA)

Arquivo X: o filme*; O último Rei da Escócia


Golshifteh Farahani (Irã)

Rede de Mentiras


Grace Kelly (EUA)

Janela indiscreta; Disque M para Matar


Halle Berry (EUA)

Momento Crítico; X-Men*; 007: um novo dia para morrer*; 


Ingrid Bergman (Suécia)

Casablanca; Quando fala o coração*; Sob o signo de capricórnio*; Sonata de Outono*;


Isabella Rossellini (EUA)

Veludo Azul*; A morte lhe cai bem*; 


Isabelle Adjani (França)

A história de Adèle H.*; O inquilino*; Nosferatu*;


Jane Fonda (EUA)

Julia*; A sogra


Jennifer Connelly (EUA)

Uma mente brilhante; Hulk*; Casa de areia e névoa*; Pecados íntimos; Diamante de sangue; Traídos pelo destino; O dia em que a Terra parou*


Jennifer Lopez (EUA)

Selena*; Anaconda; Dança Comigo


Jessica Alba (EUA)

Sin City*; Quarteto Fantástico*; Awake: a vida por um fio; Idas e vindas do amor


Julia Roberts (EUA)

Uma linda mulher; Tudo por amor; Todos dizem eu te amo*; Teoria da conspiração; O casamento do meu melhor amigo; Um lugar chamado Notting Hill; Erin Brokovich*; Onze homens e um segredo; O sorriso de Mona Lisa; Closer: perto demais; Jogos do poder; Um segredo entre nós; Idas e vindas do amor; Comer, rezar, amar; Larry Crowne*; Espelho, espelho meu*


Juliette Binoche (França)

Je vous salue, Marie; A insustentável leveza do ser*; O morro dos ventos uivantes; A trilogia das cores; O paciente inglês; Chocolate; Em minha terra; Paris, te amo*; Cópia fiel*


Kate Beckinsale (Inglaterra)

Pearl Harbor; Escrito nas estrelas*; Anjos da noite*; Van Helsing; O aviador*; Click; Temos vagas;


Kate Winslet (Ingleterra)

Almas gêmeas; Titanic; A vida de David Gale; Em busca da terra do nunca*; Brilho eterno de uma mente sem lembranças; Pecados íntimos; O amor não tira férias; O leitor; Foi apenas um sonho; Deus da carnificina*


Katherine Heigl (EUA)

Ligeiramente grávidos*; Vestida pra casar; A verdade nua e crua*; Par perfeito*; Juntos pelo acaso*


Kathleen Turner (EUA)

Corpos ardentes*; Tudo por uma esmeralda; A jóia do Nilo*; A honra do poderoso Prizzi*; A guerra dos Roses*; Dois espiões e um bebê*; Marley & Eu


Katie Holmes (EUA)

Por um fio; Batman Begins;


Keira Knightley (Inglaterra)

Piratas do Caribe 1, 2* e 3*; Rei Artur; Orgulho e preconceito; Desejo e reparação; A duquesa*; Apenas uma noite; Um método perigoso*; Anna Karenina*


Kelly McGillis (EUA)

Top Gun: ases indomáveis; À primeira vista*


Kerry Washington (EUA)

Ray*; O último Rei da Escócia; Django Livre


Kim Basinger (EUA)

007: nunca mais outra vez*; Nove e meia semanas de amor*; Batman; Los Angeles: cidade proibida*; Celular: um grito de socorro; Sentinela; A morte e vida de Charlie*


Kim Novak (EUA)

Um corpo que cai; Sortilégio de amor*


Laetitia Casta (França)

Gainsbourg*; A negociação


Lauren Bacall (EUA)

Assassinato no Expresso Oriente*; Louca Obsessão; Dogville


Laura Elena Harring (EUA)

Um ato de coragem; Cidade dos sonhos; Império dos sonhos; O amor nos tempos do cólera


Laura Morante (Itália)

O quarto do filho; No limite das emoções


Lesley-Anne Down (Inglaterra)

A nova transa da Pantera Cor-de-Rosa


Liv Tyler (EUA)

Beleza Roubada; Armageddon; O senhor dos anéis 1, 2 e 3


Elizabeth Taylor (Inglaterra)

Um lugar ao sol*; Assim caminha a humanidade*; Cleópatra; Adeus às ilusões*; Quem tem medo de Virgínia Woolf*; O pecado de todos nós*


Mandy Moore (EUA)

Um amor pra recordar; Curtindo a liberdade*; Minha mãe quer que eu case*; Licença pra casar*; Enrolados*


Maria Grazia Cucinotta (Itália)

O carteiro e o poeta; 007: o mundo não é o bastante*; O Ritual*


Marilyn Monroe (EUA)

Os homens preferem as loiras; Como agarrar um milionário; O rio das almas perdidas; O pecado mora ao lado; Nunca fui santa*; Quanto mais quente, melhor*;  Adorável pecadora*


Marion Cotillard (França)

Piaf; Nine; Inimigos públicos; A origem; Meia-noite em Paris; Batman: o cavaleiro das trevas ressurge


Megan Fox (EUA)

Transformers*; Garota Infernal*


Melanie Laurent (França)

Bastardos Inglórios; Truque de Mestre*


Melissa George (Austrália)

Cidade dos sonhos; Fora de Rumo; Turistas*


Michelle Pfeiffer (EUA)

Scarface; O feitiço de Áquila; Ligações Perigosas; Batman: o retorno*; A época da inocência*; Íntimo & Pessoal*


Mila Kunis (EUA)

O livro de Eli; Cisne Negro; Amizade Colorida*; Ted; Oz, Mágico e Poderoso*


Milla Jovovich (Ucrânia)

Chaplin; Resident Evil*; Visões de um crime*; Os três mosqueteiros*; Os mercenários 3*


Minka Kelly (EUA)

O Reino; (500) dias com ela; Colega de quarto*


Monica Bellucci (Itália)

Malena*; Irreversível; No limite das emoções; Matrix 2 e 3*; Lágrimas do Sol; A Paixão de Cristo


Naomi Watts (Inglaterra)

Cidade dos sonhos; O chamado; King Kong; O despertar de uma paixão; Império dos sonhos; Senhores do crime; J. Edgar*; A casa dos sonhos


Nastassja Kinski (Alemanha)

Tess: uma lição de vida*; Paris, Texas*; tão longe, tão perto; Império dos sonhos


Natalie Portman (EUA)

Todos dizem eu te amo*; Em qualquer outro lugar*; Onde mora o coração*; V de Vingança; Paris, te amo*; Um beijo roubado; A outra; As coisas impossíveis do amor; Thor*; Sexo sem compromisso; Cisne Negro


Nicole Kidman (EUA)

Dias de Trovão; Batman Eternamente*; O Pacificador; De olhos bem fechados; Moulin Rouge; As horas; O quarto do pânico; Dogville; Reencarnação; A pele; Autrália; Nine; Reféns*


Paula Patton (EUA)

Hitch: conselheiro amoroso*; Déjà Vu; Preciosa; Missão Impossível: protocolo fantasma*


Paulette Goddard (EUA)

Tempos Modernos; O Grande Ditador; Vendaval de Paixões*


Penelope Cruz (Espanha)

Carne trêmula; Tudo sobre minha mãe; Terra de paixões; Vanilla Sky; Profissão de risco*; Bandidas*; Volver; Vicky Cristina Barcelona; Fatal*; Nine; Abraços partidos; Piratas do Caribe 4*; Para Roma com amor*


Rachel McAdams (Canadá)

Meninas Malvadas; Diário de uma paixão; Te amarei pra sempre*; Sherlock Holmes 1 e 2; Intrigas de Estado; Uma manhã gloriosa*; Meia-noite em Paris


Rachel Weisz (Inglaterra)

Beleza Roubada; A múmia; Círculo de Fogo*; O Júri; O Jardineiro Fiel*; Constantine; Fonte da Vida; Eragon*; A casa dos sonhos; O legado Bourne*; Oz, Mágico e Poderoso*


Romy Schneider (Áustria)

O Sol por testemunha*; O processo*


Rosario Dawson (EUA)

Homens de Preto 2*; O preço de uma verdade; Alexandre; Sin City 1 e 2*; À prova de morte*; Sete Vidas


Rose Byrne (Austrália)

Tróia; Presságio*


Salma Hayek (México)

A balada do pistoleiro*; O Corcunda de Notre Dame: o filme*; Amor em chamas*; Traffic; Frida; Era uma vez no México*; Bandidas*; Pergunte ao pó*


Sandra Bullock (EUA)

O Demolidor; Velocidade Máxima 1 e 2; Enquanto você dormia*; A Rede; Quando o amor acontece*; Da magia à sedução*; Miss Simpatia*; Amor à segunda vista*; Crash: no limite*; A casa do lago; Um sonho possível; A proposta; Tão forte, tão perto*


Scarlett Johansson (EUA)

Moça com brinco de pérola*; Falsária*; A ilha; Match Point; Scoop: o grande furo*; O grande truque; A Dália Negra*; Vicky Cristina Barcelona; The Spirit: o filme*; A outra; Compramos um Zoológico*; Hitchcock*


Sharon Stone (EUA)

As minas do Rei Salomão*; Instinto Selvagem; Invasão de Privacidade; Rápida e Mortal; O Especialista; Cassino*; Diabolique*; Garganta do Diabo


Sofia Vergara (Colômbia)

Noite de Ano Novo*


Sophia Loren (Itália)

Quo Vadis*; El Cid*; Arabesque*; A condessa de Hong Kong*; Os girassóis da Rússia*; Um dia muito especial*; Prêt-à-Porter*; Nine


Sophie Marceau (França)

Coração Valente; Sonho de uma noite de verão*; 007: o mundo não é o bastante*;


Stéphane Audran (França)

O discreto charme da burguesia; A festa de Babette*


Ursula Andress (Suiça)

007: contra o satânico Dr. No*; 007: Cassino Royale (primeira versão)*; Fúria de Titãs (primeira versão)*


Vivien Leigh (Índia)

E o vento levou*; Uma rua chamada pecado


Winona Ryder (EUA)

Edward: Mãos de Tesoura; Drácula de Bram Stoker*; A Época da Inocência*; A Casa dos Espíritos; As Bruxas de Salem; Alien: A Ressurreição*; Celebridades*; Outono em Nova York*; Cisne Negro