quinta-feira, 18 de maio de 2017

12 breves considerações [gosto disso!] sobre as nossas tragédias

[1] Com Aécio em vias de ser preso [Fachin, por ora, livra o mineiro do xilindró], Cunha já condenado e Temer chegado a uma propina [os três sabotadores da República em 2015 e 2016, correto?], está mais do que claro: Dilma Rousseff sofreu golpe.

[2] Numa tacada só, Aécio é pego planejando assassinato e Temer sendo benevolente com pagamento de propina. Que dia terrível para a direita brasileira!

[3] Cada vez mais, frases como “somos milhões de Cunhas” e “A culpa não é minha. Eu votei no Aécio” ficam risíveis e entram para os anais da história.

[4] Lembro da tucanalha questionando os petralhas porque, em 2014, estes preferiram Dilma a Aécio [pasmem! Numa democracia a gente pode escolher]. Hoje, Dilma tá andando de bicicleta e tirando selfie com o povo em Porto Alegre. Aécio, escorraçado do senado, é quase um foragido. 

[5] Temer é produto de dois movimentos opostos: do PT, que cretinamente o permitiu na vice-presidência, e dos reaças brasileiros [grande mídia, empresários e parte do judiciário, parlamento e da sociedade civil], que o tiraram da sua legitimidade como vice e o transformaram num presidente usurpador do poder.

[6] Os petistas sempre tentaram se desvencilhar totalmente de Michel, sem atentar que o princípio de tudo deveu-se ao fisiologismo do partido em nome da manutenção do poder. A direita, capitaneada pelo PSDB, faz o mesmo, mas se aliou a Temer quando lhe foi conveniente. Não que os seguidores de Alexandre Frota e Kim Kataguiri curtissem o esposo de Marcela, mas como era "tudo culpa do PT", agarraram-se a Temer. Agora naufragam.

[Fonte: Folha/UOL]
[7] Repito o que já falei sobre Lula: é mais sujo que o banheiro do boteco que frequento às sextas [saudades, arcanjo!]. Cabe a Moro prendê-lo, algo que o juiz e o MP de Curitiba tentam há mais de três anos [sem provas, só com convicções, fica difícil]. Mas não botem Luiz Inácio e Michel Temer na mesma prateleira. Lula não é nada. Temer é o presidente da República Federativa do Brasil.

[8] Temer reclamar de conspiração é o mesmo que imaginar Hitler se queixando de mau tratamento num campo de concentração. Provar do próprio veneno parece indigesto.

[9] Aquele conto de fadas, de que o PT monopolizava o mercado da corrupção, ruiu ontem. Agora o senso comum vocifera: “nenhum salva, tudo farinha do mesmo saco” [o que, diga-se, é outro equívoco dos fundamentalistas de plantão]. A 'santíssima trindade' da política brasileira [PSDB/PMDB/PT] está na lama, mas profetizar terra arrasada é típico do fascismo.

[10] O estado democrático de direito é fascinante por vários motivos. Um deles: não há o diz-que-me-diz-que. Há a lei. Temer, Dória, Moro, Lula, você e eu devemos obediência a ela. Se a lei é ruim – e muitas são –, a nossa luta é válida para alterá-la, não burlá-la. O parágrafo primeiro do Artigo 81 da Constituição Federal é claro: no caso de vacância dos cargos de presidente e vice, a menos de dois anos do término do mandato, são realizadas eleições [indiretas] pelo Congresso Nacional, em até 30 dias. Sim, os parlamentares, a maioria deles representando a fina flor da canalha, devem escolher presidente e vice que terminarão o mandato vigente até 31/dez/2018. Qualquer coisa fora disso, só por Emenda Constitucional, algo que demandaria tempo para passar pelas comissões e pelos plenários da câmara e do senado em dois turnos, com 3/5 de aprovação em cada uma das quatro votações.

[11] O que eu acho: eleições diretas resolveriam um problema iniciado por Dilma em janeiro de 2015 [estelionato eleitoral] e aprofundado em 2016 [golpe de Estado]: um novo pacto seria estabelecido. A celebração quase sagrada entre representação e sociedade só pode se dar pelo voto. E que quem sair derrotado das urnas saiba entender que é legítimo o outro governar, ao contrário do papelão protagonizado pelos tucanos, que no dia seguinte à eleição de Dilma em 2014 começaram a choramingar o impeachment.

[12] Num cenário de devastação total – ainda não é o nosso caso, embora quase –, os bons recusam a política, abrindo espaço para o surgimento de personagens reacionários. A tendência é aparecer gente pior [Bolsonaro tá esfregando as mãos e lambendo os beiços; Dória, o farsante, vai continuar se vestindo de gari, demagogo que é]. A despeito da história provar isso, que se desmantele esse grande esquema em que se transformaram os corredores do nosso poder. São dois processos distintos: um é punir a corrupção; o outro são as escolhas que faremos a partir daí.